25.4.07

Três percepções sobre o 25 de Abril, volvidos 33 anos 1974



Versão na íntegra extraída daqui



O 25 de Abril: 33 anos depois

"A melhor saída é sempre passar por entre, como diria o poeta Robert Frost. Eis uma das chamadas às armas, pelo que as pessoas, as empresas, as instituições, o Estado para terem êxito têm de ousar e ser diferentes. A competência e o dinheiro abrem-nos essas portas do club, volvidos 33 anos da revolução dos cravos de 25 de Abril de 1974.

Mas se virmos bem, então éramos um país rural e agrícola práticamente analfabeto, hoje, apesar de todos os progressos sociais e económicos, ainda estamos na cauda da Europa em termos comparativos. Em vez de convergirmos com a melhor Europa, dela divergimos. Ainda que o profeta MMendes diga que com ele sentado na cadeira de S. Bento os tugas irão crescer 80% no seu crescimento global em termos de PIB. Que bela ficção... Proponha-se o nome de Mendes para a 7ª Arte no próximo Concurso de Cannes..

Na altura como hoje, constata-se que a sociedade portuguesa ainda está muito dependente do Estado-patrão para resolver os seus problemas. Isto apesar da liberalização da economia e da sociedade. Mas à medida que os templos se vão esvaziando - notamos que continuamos a precisar daquele forte abraço armilar do Estado para nos desenrrascarmos. É isto que é dramático: estamos na Europa, liberalizámos muitos dos sectores da economia nacional, somos europeístas, adoptámos o euro logo no pelotão da frente mas, ao mesmo tempo, ainda temos uma desgraçada iliteracia, produzimos pouco e mal, somos absentistas, só 15 ou 20% da população domina as TIC e todos, lá no nosso íntimo, continuamos a pugnar pela figura do Estado ama-seca para que ele nos resolva os problemas.

Até parece que à medida que os anos passam e vamos ritualizando esta cerimónia do feriado do 25 de Abril - repetindo discursos muito bem feitos e melhor lidos - o Estado vai batendo em retirada, é desmantelado matando-se o clássico Estado-providência (uma das conquistas de Abril) à medida que as pessoas fazem também as suas escolhas pessoais para as suas vidas, e algumas, infelizmente, não encontram outra opção senão emigrar.

Hoje há mais dinheiro, mais tecnologia, mais estradas e melhores redes viárias, entrámos na Europa, há mais mudança social e económica, esgotámos já muitos fundos comunitários, os actores políticos são também mais civilizados - o PM já não manda à merda nenhum membro da oposição; nenhum membro da oposição chama de filho da p*** ao PM nem lhe promete um par de estalos no hemiciclo, há empresáros de sucesso que falham Opas e ficam deprimidos e mudam a sua ideia do PM, temos as grandes superfícies e muitos centros comerciais que são as novas catedrais do consumo e do endividamento... Tudo para nossa alienação colectiva.

Mas será que lá bem no nosso âmago do inconsciente colectivo somos diferentes? Será que mudámos a nossa postura perante os comportamentos sociais e o risco, a orientação estratégica e a competição, o modo de exercício do poder e a dominação, a afectação de recursos e a forma como capitalizamos os nossos activos sociais e económicos?

Creio que nas questões de fundo continuamos a ser aquilo que sempre fomos, salvo na época da gesta dos Descobrimentos em que fomos excepcionalmente ousados. Aparte essa fase de grande expansão continuamos todos a gerir as contas do velho merceeiro da Rua Morais a caminho do Alto de S. João em que o Estado-pai se tansformou (para agora ser desmantelado a fim de reduzir a sua dimensão e despesa na equação das finanças públicas) e pugnamos todos, ainda que baixinho, por mais segurança, mais protecção, mais equilíbrios sociais e melhor distribuição. É a quadratura do círculo... Queremos aquilo que não podemos ter, ou o Estado já não pode dar.

Ou seja, fizemos o 25 de Abril para por a Liberdade à solta juntamente com a sociedade e a economia. Aí desenhamos um mapa cor-de-rosa em que as pessoas, as empresas e o Estado assumiriam mais risco, seriam mais competitivas e assumiriam mais eficientemente as suas posições de dominação e de capitalização na economia. Seríamos também mais felizes e teríamos todos mais filhos. Mas ao fim destas três décadas, apesar dos inegáveis progressos, constatamos que pedimos aquilo que o Estado hoje já não pode dar: protecção, segurança,equilíbrios e distribuição.

Isto faz-me lembrar aqueles povos africanos (ex-colónias) que entretanto ascenderam à independência. Na altura eram colónias, não tinham a Liberdade desejada mas, bem ao mal, não passavam fome; hoje, milhares de portugueses, muitos deles qualificados, têm essa tal LIBERDADE mas não sabem o que hão-de fazer com ela ou destino lhe dar... É isto que é dramático ao cabo de 33 anos de Abril.

O que me faz supôr que por vezes Portugal se converteu numa espécie de colónia africana, e a nova Europa tem hoje nome diferente: a China, a Índia e as economias emergentes nascidas à sombra da globalização predatória que defenestra a Liberdade (como fizeram ao Miguel de Vasconcelos e o articulista João Miguel Tavares quer fazer ao Pina Moura) e o sentido que queremos para ela.

Malgré tout, é melhor termos Liberdade do que não ter nada. Mas quando nos perguntam donde somos, até dá vontade de responder que somos uma pretuberância do Corno d´África... "

Adenda:

O Jumento avalia o legado do 25 de Abril naquilo que não mudou, foi inteligente ter perscrutado essa deriva porque desse modo dá-nos um panorama do imobilismo nacional.(link)

Vale a pena ler essa pentarquia de factores que moldam (ainda) a nossa personalidade colectiva. A tal do "respeitinho que é muito bonito" genialmente retratada pelo Alexandre O'Neill: 1) uma direita que ainda não fez a ruptura com o passadao; 2) o autoritarismo; 3) o Estado-paternalista; 4) as boas maneiras (que designaria por costumes); 5) e a sociedade não competitiva.

É uma análise tão potente quanto oportuna e interessante, e até estimulante, pois basta que um investigador com dois dedos de testa faça a colecção das bocas que quer o PGR, o Sr. Pinto Monteiro, quer o PM, Sócrates dizem dos blogs como o Jumento refere, e bem - (e aqui há que distrinçá-los, porque há imensa porcaria e tarados obsecados em perseguir o PM e noutras questões que envolvem "sangue" e possam render fama e visitas) para se arranjar objecto para um projecto de investigação na área das humanidades..

Os interessados que pensem nisso, fica aqui a ideia e o desafio. Podem começar pelo Youtube - sob a epígrafe - "Uma Vergonha" - e fazer o search - para se aferir a qualidade mental e a destreza tecnológica de alguns dos nossos responsáveis políticos, mormente em sociedade do conhecimento. Uma autêntica vergonha...



O
Memórias Futuras (link) também dá um interessante contributo para recuperar a História e o sentido que ela pode vir a assumir no futuro. (...)

Nesse dia, os portugueses transformaram em sorrisos o que poderiam ter sido lágrimas e em vez de barricadas o que se viu foi a confraternização de um povo feliz. Inverteu-se um destino, mudou-se um rumo, caiu um regime e não rolaram cabeças que, em vez disso, foram amavelmente convidadas a seguir para destinos turísticos.
Revolução como esta não consta dos manuais de história e se antes dela alguém tivesse falado em “Revolução dos Cravos” no mínimo teria sido entendida como uma piada de mau gosto. Mas também é verdade que Carros de Combate que descem à capital para tomar o poder e param aos sinais vermelhos do trânsito aguardando disciplinadamente que surja o verde para seguirem a sua marcha, só é entendível numa “Revolução de Cravos”. (...)

23.4.07

Sobre Terrorismo




(...)

A Al Qaeda no Magrebe reivindicou o duplo atentado que causou 33 mortos e mais de 200 feridos em 11 de Abril em Argel. Na sua reivindicação, o grupo terrorista advertiu que a Espanha é um território que terá de voltar ao domínio muçulmano, devido à ocupação mourisca de uma parte da península ibérica entre os séculos VIII e XV.

Adenda:

Mas o forte traço de identidade entre ambos os casos resulta, sobretudo, do enorme risco de segurança que representaria, para a Europa em especial e para o mundo ocidental em geral, um Magrebe alinhado com o fundamentalismo islâmico e do efeito de contágio que tal radicalização produziria junto das importantes comunidades desses países presentes em vários países europeus.A alternativa consiste em aprofundar a integração do Islão político num quadro de referência democrático e pacífico. Esse o objectivo que pode e deve ser apoiado prioritariamente pela futura presidência portuguesa da União Europeia, tanto em relação aos países do Magrebe como quanto em relação ao Médio Oriente. (link ao artigo de António Vitorino no Dn, Aqui tão perto!).

Ver
aqui o nosso comentário e esse mesmo artigo.
Via Macro

Advocacia sofre maior ataque de sempre - entrevista de Rogério Alves -


UMA ENTREVISTA E LER E MEDITAR...

Rogério Alves

Advocacia sofre maior ataque de sempre


Pedro Catarino



Rogério Alves, bastonário da ordem dos advogados, afirma que a advocacia está a sofrer um dos maiores ataques de sempre, tanto em Portugal como no estrangeiro, e que a própria Ordem está debaixo de fogo inimigo e algumas vezes de fogo amigo. Reconhece que há advogados a mais, critica o laxismo do Estado na concessão de autorizações para escolas de Direito, mantém o tabu sobre a sua recandidatura e elogia a coragem reformista do ministro da Justiça. (...)

20.4.07

Pescarias...


estórias de pescarias


17.4.07

Será um caso de política ou de polícia...

(...)



Será isto um caso de Política ou de Polícia?!

(...)

São pessoas dessa estirpe que se opõe à lei, como na Sicília, porque pensam que têm preferências por acções privadas - à margem das leis do Estado e da República -; é gentinha que pugna por uma lei privada, à mocada e ao tiro se necessário for, para impor a sua vontade aos demais; é gente que se auto-exclui das boas regras sociais porque entende ter um direito (criminoso) acima dos outros que supostamente os legitima a fazer toda a espécie de chantagem, coação, violência psicológica e outros mecanismos previstos no reportório de gente desta estirpe. São estes os verdadeiros mafiosos à portuguesa de que alguma universidade privada está contaminada. Os portugueses já os conhecem e identificam-nos à légua, aliás, estes últimos 20 dias têm tido esse mérito de mostrar a vitrine mafiosa para as bandas do rio Tejo. (...)
O resto aqui

12.4.07

O psicodrama político nacional

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Foto picada no Macro




O Psicodrama da Uni-connection à lupa do Macroscópio.


11.4.07

Uma nova tipologia de jornalismo: "o jornalismo-pedigueiro"


Vale a pela ler préviamente a tipologia exposta pelo Jumento
in Macro...

Dou uma saltada alí ao Jumento para perceber a dinâmica do dia (e, claro, também para o "ajudar a ter mais umas visistas") e deparo-me com uma nova e eficiente tipologia do jornalimo português, e explicita as suas quatro categorias: o jornalismo Caniche, o jornalismo Pitbull, o jornalismo S. Bernardo e o jornalismo Pastor Alemão. Vale a pena ler, não só pelo nível de teorização como também pelos exemplos que ilustram cada um daqueles modelos em vigor na arena política em Portugal.

Contudo, e sem querer ser desmancha-prazeres naquela sua actividade de elevada conceptualização canino-jornalística, cremos que o Jumento se esqueceu, porventura por mero lapso (ou porque não comeu as favas de soja dos Almeidas da Av. de Roma..), daquele jornalismo-Perdigueiro, treinado em furar o balseiro e capturar a presa, de faro apurado, de cusquice na ponta-da-língua, de capa da caras do tio Pinto balsemão sem rigorosamente interesse público mas que, ainda assim, teima em andar por aí - pelos balseiros de Portugal.

8.4.07

Book Cell, na Gulbenkian...


50 mil livros empilhados, como se de uma casa se tratasse. Vale a pena ver na FCGulbenkian.
Ver mais aqui

4.4.07

Power



Viva-se em democracia, ditadura, república ou monarquia há sempre coisas que nunca mudam. Podem mudar de nome, mas, na essência, nunca mudam. A forma polida como alguns ministros se tratam dentro e fora do Parlamento, a forma agradavelmente subtil como, por exemplo, uma dona Mª Eliza trata o poder e uma certa memória do regime salazarista, os modos como os assessores tratam de defender o seu PM, a forma como o ministro das Finanças defendeu e protegeu públicamente o actual DGCI (Paulo macedo, fazendo supôr que o ministro é que era o ajudante...), o modo obsequioso como Belém e S. Bento se trata, a forma como certo poder oficial anda com uma certa Banca ao colo (esperando por uma nomeação para administrador a ganhar 5 mil cts/mês), os favores que certos jornalistas procuram prestar a certas empresas/organizações para assim capitalizarem créditos para cobrar à posteriori... Tudo isso configura um anseio ardente de todas as pessoas terem poder, porque não o ter é insuportável e gera infelicidade e impotência.

Há dias uma amiga na net me dizia que a sua condição de não dispôr de poder a levava a afastar-se cobardemente das grandes discussões, compensando isso com a criação dum mundo alternativo no qual procura dizer o que lhe vai na alma. Logo, ninguém, quer dispôr de menos poder, todos querem mais e mais poder. [...]
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3.4.07

Prova...