25.3.07

A Europa já não anda de gatas, mas pode rastejar...


A Europa e o touro de Gustave Moureau

Todavia, é elementar reconhecer-se que no decurso destes 50 anos, de que hoje se comemora o Tratado de Roma de 1957, que criou a então CEE, um conjunto poderoso e variado de políticas e de aspectos foram integrados pelas diversas sociedades europeias, pelo simples facto de cada uma dessa sociedades nacionais, cada um desses Estados, ter transferido para Bruxelas uma quota-parte da sua soberania. A fim de que na Europa tudo se pudesse coordenar: rule of of law, liberdades múltiplas, livre circulação de pessoas, capitais, tecnologias, protegendo as minorias, reforçando o chamado welfare-sate (Estado-providência, que entretanto entrou em crise, como um dia explicou Pierre Rosanvalon), e por respeito das identidades nacionais e da capacidade de cada um desses Estados em acompanhar a marcha do pelotão da frente.

Apesar de tudo, a UE tem sido uma organização supranacional (sui generis) solidária para com os países e povos mais pobres da Europa, sendo que os custos de continuar de fora seriam incomensuravelmente maiores do que ter entrado. Por isso, ainda bem que entrámos. Se Portugal não tivesse entrado, não tenho quaisquer dúvidas que Portugal hoje seria um país com piores estradas e redes viárias em geral, não teríamos mexido no sector do ambiente (apesar do muito que ainda há por fazer).

Porventura, seríamos um país com mais e maiores injustiças sociais - de Norte a Sul, do Litoral ao Interior; fora da moeda única do Euro a nossa inflação seria crónica e galopante; as nossas importações continuariam a submergir completamente as nossas exportações com o FMI a mandar bitaites cá dentro (assim, manda o Banco Central Europeu que manipula as taxas directoras e fixa o valor do dinheiro e das taxas de juro, apesar de tudo de forma mais democrática...); a nossa segurança e política continuariam centradas em África, e isso, de per si, representaria um retrocesso ao passado que deixaria hoje Portugal irreconhecível, miserável, decadente, um projecto adiado.

Pode-se perguntar: mas que agricultura temos? Que indústria temos neste País de serviços, sol e praia?!! Pouca ou nenhuma, esta é a verdade. Mas foi um mal menor, creio. Depois ainda beneficiámos do chamado modelo social europeu, assente nos direitos dos trabalhadores, nos seus serviços sociais e num conjunto de direitos visando o bem comum.

É óbvio que hoje a meretriz da globalização predatória rebentou com tudo isso, e são as deslocalizaações e os desempregos em massa a palavra-de-ordem na Europa e no mundo, daí a angústia inicalmente referida. Pois temos uma Europa refém dos números e da economia. Depois a França e a Holanda, em 2005, resolveram bater com a porta e vetar o tratado constitucional europeu - hoje essenciais para fixar novos objectivos e rumos para a UE. Veremos o que faz aqui a ainda presidência alemã e, a partir de Julho, a presidência rotativa portuguesa. Há, contudo, um risco sistémico para a Europa, presente na globalização competitiva e a forma como se articulará os interesses nacionais com os da Europa no seu conjunto, e depois como a Europa se posicionará no mundo. São, pois, dois problemas sobrepostos e que colocam desafios ao nível da rapidez dos dispositivos de informação, comunicação e decisão que permitem estabelecer as (tais) comparações competitivas diferenciadoras dos incluídos vs. excluídos do sistema.

Neste campo vejamos a fisionomia de cinco cenários e as suas implicações:

1. Cenário: O Triunfo dos mercados – em que vigora o neoliberalismo económico que impõe a liberdade de comércio como regra de ouro da contemporaneidade, ficando a Europa refém, independentemente da sua geometria política (variável), num único mercado planetário cujas regras competitivas e as normas de poder são definidas em Washington D.C.;

2. Cenário: As Cem Flores – mesmo que as sociedades europeias beneficiem dos processos de mudança no domínio das novas tecnologias – na vida das organizações políticas e da qualidade da democracia e no plano das empresas lucrativas, tende a abater-se sobre esse grande espaço uma lógica de corrupção e de esquizofrenia políticas por parte das grandes instituições e burocracias que as faz perder o contacto com a realidade e, assim, deteriorar a qualidade de vida das populações europeias. Levando-as a refugiarem-se em iniciativas de tipo microlocal e de economia informal. Situação que, a prazo, conduz a um acentuar das opções individualistas dos Estados membros fazendo com que se perca a lógica de conjunto – recriando um ambiente de medievalismo político e de anarquia típicos dos feudalismos existentes em (luta) entre si – procurando um “chefe” para impor a unidade de comando (entretanto perdida);

3. Cenário: Responsabilidades partilhadas – vive da ideia nuclear da reforma do sector público, do qual depende a orientação duma política social e industrial revigorada assente nos princípios da transparência, da responsabilidade e da descentralização. Será com estes valores e princípios de acção política que o Estado (reformado) pensa poder assegurar um novo equilíbrio entre gerações, consolidar a coesão social, mesmo num contexto em que a taxa demográfica é regressiva e a economia só oferece condições de trabalho competitivas para alguns;

4. Cenário – Sociedades criativas – suscita a ideia de transformação global nos modos de vida, e não apenas ao nível dos sistemas económicos e políticos sob a orientação de valores amigos da natureza – como a protecção do ambiente, a utilização intensiva de energias renováveis - como se proclamaou na semana passada no fórum Novas Fronteiras do PS - e a ideia de desenvolvimento sustentado. É com base nestes valores solidaristas que se pode construir um novo humanismo perante as desigualdades económicas e sociais existentes entre os “incluídos” e os “excluídos”, os que são competitivos e aceleram os processos de mudanças, e os que são dependentes da protecção paternalista do Estado e temem as forças globais e globalizantes inerentes ao globalismo. A contribuição de algumas ideias velhas mas revestidas de novas roupagens, sobretudo por filósofos anglo-saxónicos podem assegurar um novo caminho relacionado com o conhecimento gerador de um renascimento imaterial;

5. Cenário: Vizinhanças turbulentas – em contraste com os outros cenários, esta deriva parece ter sido concebida para os poderes erráticos que protagonizam os novos métodos de terrorismo político de que os ataques a Nova Iorque e Washington foram exemplos no 11 de Setembro de 2001. Com efeito premonitório, este cenário gera um conceito de Europa interferida por um quadro geopolítico (próximo) perturbado, quer a Leste quer a Sul, dinamizado por um jogo de forças e de tensões que conduzem, no plano institucional, à criação de um Conselho Europeu de Segurança centrado, naturalmente, hoje por maioria de razão (e por motivos óbvios), na racionalização da problemática que envolve as questões de segurança e defesa. Creio que a questão que hoje se coloca a Portugal, especialmente agora que se evoca os 50 anos da UE, é saber que cenário hoje melhor serve os interesses vitais permannetes de Portugal. Sabido isso, conhecidos os seus contornos, resta-nos alinhar os objectivos de pequeno, médio e longo alcance que possam coadjuvar nessa estratégia global de desenvolvimento. Sendo que o ideal será fazer coincidir os interesses de Portugal com os interesses e o ideal europeu, ou que este ideal europeu também possa ajudar os Estados-membros a identificar as melhores políticas públicas nessa concertação política permanente.

Mas em qualquer presidência, mormente na portuguesa que se avizinha, o triunfo da sociedade de mercado dissolve as veleidades de pluralismo. Assim sendo, cabe-nos reflectir acerca da melhor maneira de evangelizar a competitividade sem ser - como habitualmente os outros fazem, por recurso ao velho integrismo ultraliberal que consiste em meter no mesmo aquário tubarões com chernes, como diria a "outra" que tantava ajudar o marido a ser eleito PM antes de trair Portugal na cama de Bruxelas.

Portugal, dentre em breve, irá ser confrontado com a aplicação prática desse velho método da teoria da harmonia dos interesses (em tempos fixada por um historiador britânico chamado Edward Hallet Carr), pois tudo aquilo que fizermos ou deixarmos de fazer terá de coincidir com os interesses de uns e outros ao mesmo tempo no espaço da UE hoje a 27. Se fizermos isso sem o crónico fundamentalimo económico, e, ao mesmo tempo, com proveito para todos e fizermos avançar a Europa, então Portugal já terá feito muito nessa senda de Portugal a caminho da Europa...

21.3.07

Be Happy..., vox soberba de Paul Tucker...

Lighthouse Family - Be Happy

Picada aqui

Uma leitura possível acerca do blog do MAI, "A Nossa Opinião"

António Costa, MAI, criou um blog para divulgar as medidas e as políticas do ministério que dirige. Para ler criticamene, aqui
O MAI lançou o seu novo blogue "A Nossa Opinião"



Via Macro



"A percepção que se me oferece ante esta jogada política com efeitos comunicacionais por um dos ministros mais políticos deste governo é múltipla. Desde logo, António Costa sabe, melhor do que ninguém, dada a sua já longa experiência política, que governar é, ma essência, comunicar e a blogosfera é, hoje, o instrumento mais maduro do Rizoma para esse efeito. Portanto, governar é comunicar com eficácia, sem ela os objectivos políticos não se atingem. E Costa, tal como Socas, querem ambos voltar a ter maioria absoluta na próxima legislatura, o que também não será difícil com esta oposição que temos. Talvez por isso escrevi um post neorealista em que defendi que só António Vitorino poderia hoje fazer "a vida negra" - leia-se oposição credível ao actual PM, apesar de ser um anacronismo.

Depois, o MAI também sabe que hoje o campo operacional da luta política se transferiu para a arena virtual, ou seja, a luta política não se faz mais entre esquerda e direita, mas entre quem vê tv de forma abjecta e sem capacidade de resposta e quem acede à Rede com informação qualificada, criativa, imaginativa e mais completa do que é veiculada pela mediacracia vigente, altamente previsível e muito dependente dos pequenos "balsemões" que acabam por mandar no processo de agenda-setting diários dos media de que são patrões. Costa sabe isto, daí o recurso à blogosfera... É, pois, no quadro destas transformações sociopolíticas que a blogosfera é apanhada neste carrefour, e é a partir dela que podemos ler e interpretar o mundo por três vias. A saber:

1) Uma interpretação do mundo como se ele fosse feito de melodramas e desgraças recorrentes ao estilo de Cassandra;

2) Uma interpretação do mundo como se ele fosse visto pelas lentes do Dr. Pangloss do Cândido de Voltaire - que defende que o mal não integra o mundo nem sequer tem existência;

3) E uma interpretação do mundo como se ele fosse narrado por aquele vendedor de seguros (ou agente bancário que quer é vender produtos financeiros (como quem vende tremoços) ao balcão prometendo o paraíso na terra e omitindo a informação principal), i.é, sem ter em linha de conta que as probabilidades de acontecerem factos desagradáveis podem existir.

- Julgo que se o analista tiver em linha de conta estas três possíveis leituras do mundo moderno poderá diminuir grandemente as zonas de incerteza que hoje continuam a tolher e a ofuscar a nossa análise. Tanto mais que os media têm um tempo de acção mais lento, logo - aparentemente - mais adequado ao relato dessa velocidade dos factos do mundo moderno. O problema é que a velocidade é já tanta que os media na ânsia de estar sempre na frente e de combater a concorrência (que pensa o mesmo) acerca da apreensão dos factos geradores de notícias - também não conseguem entender a tal complexidade dos fenómenos sociais, económicos e políticos do mundo do nosso tempo.

O resultado de toda essa baralhação é o recurso a uma daquelas três leituras ou chaves de interpretação do mundo, se bem que - por vezes - existe a necessidade de aplicamos as três leituras simultaneamente, ainda que não nos demos conta disso...

No caso vertente, creio que existirá a preponderância para esta última leitura, mas só o tempo o dirá e ajudará a despistar intenções e motivações de que os políticos são portadores."

O estado da oposição em Portugal






Comentando o estado da oposição a partir do Editorial do Jumento que hoje dobrou o Cabo da Boa Esperança com mais de 1 milhão de visitas e a trabalhar sem rede nem aparições de rádio-tv-pirata, ocorre-me enquadrar a oposição com a imagem supra. O difícil alí é saber onde está MMendes, Jerónimo, Portas, Santana e mais uns quantos que contam efectivamente pouco. Contam pouco no país, no mercado das ideias e das soluções a apresentar a Portugal, apenas fazem ruído. Um exemplo dessa poluição política foi ontem feito por Santana lopes, o "canastrão" da política lusa, ao dizer que era o político com mais obra depois de Cavaco. "Obra" só se for na arte da desgraça envergonhando o País, intra e extra-muros. Nunca pensei que a lata de Lopes fosse tão longe e despudorada.. Mas os portugueses já o conhecem.

Convém ver como interage a Oposição com o Poder e sinalizar o facto de a riqueza passar a ser criada pelo saber. As empresas são obrigadas a gerar redes de conhecimento para manter os seus clientes satisfeitos, o Estado - ao seu nível de organização - também; e o que faz a oposição? Mendes pulula, Jerónimo tem fleubites e não passa dum disco riscado, Louçã ainda tem umas tiradas incisivas no Parlamento em matéria de política económica, apesar do BE estar em perda, e PPortas representa hoje o hooliganismo no cds que até bate na zezinha Nogueira Pinto que já se declarou ao PS.

Ou seja, a oposição não tem ideias, não tem método, e, pelos vistos, também não tem escrúpulos, como se vê pela conduta traiçoeira de Paulo Portas no assalto ao poder só porque tem maioria nos órgãos do partido e move-se melhor junto da mediacracia vigente.

Tudo isto é, afinal, uma charada do pior: o Índio, o Covallini, o pai do Índio e o TS. É lamentável dizer isto, mas é a verdade. Acresce, por outro lado, que a internacionalização aumenta a pressão sobre as competências do poder e conduz, em tese a uma maior diversidade: na Educação, no Ambiente, na Economia, no Estado, etc... Foi para isto que o PS fez no fim de semana As Novas Fronteiras, para gerar crítica interna, consciência dos problemas, gerar massa crítica e identificar perspectivas de futuro a fim de que Portugal possa ver um melhor horizonte e um melhor zénite para a governação para os portugueses.

E o que faz a oposição? O que faz o psd? Como diz o Jumento - fala na OTA (um projecto que o psd quis adoptar, mas que meteu na gaveta); fala na baixa de impostos quando ainda pode haver uma subida do petróleo e depois lá se vai a folga conseguida pelo governo, como ainda ontem sublinhou António Vitorino no Notas Soltas; fala dos consulados. Ou seja, MMendes até parece um "Almeida" de Carmona que na edilidade lisboeta anda a apanhar propostas nos caixotes do lixo da capital. É lamentável dizer isto, mas é a verdade.

Já aqui temos referido que é péssimo para o País não haver oposição credível em Portugal. E não existe porque o mercado de ideias não funciona, não existe inventividade nem criatividade na adopção de novas ideias sociais com peso político passíveis de serem implementadas na sociedade. E é do reconhecimento dessa impotência progressiva que o povo português olha de soslaio para toda a a oposição, especialmente a que tem vocação de poder, o psd. Que está entrincheirado entre os meneses, os santanas, os carmonas, os antónios pretos, os liparis, ou seja, as ervas daninhas que a partidocracia do psd tem gerado nestes últimos anos e que tem impedido o tal mercado das ideias funcionar com vitalidade. De modo que MMendes encontra-se no meio da ponte, com os jacarés lá em baixo, esperando pela queda abrupta...

Em rigor, a oposição em Portugal continua em regime de piloto automático e quando acordar também não sabe o que há-de fazer aos manípulos dum avião que é grande demais para ser pilotado por si. Sendo que a verdadeira ironia disto tudo, para agravar mais as coisas, é que a inteligência social, económica e política já não reside nos aparelhos partidários, esse material estratégico encontra-se noutars fileiras: nos gabinetes dos gestores de topo, nos escritórios de advogados, nos contabilistas, nas empresas de consultoria - que às vezes também não cedem à tentação de incorrer em contabilidades criativas...

E por uma razão simples: as tecnologias, a geografia, a segmentação dos problemas, as marcas, as quotas de mercado, a C & T, as teias dos problemas interdepartamentais que afectam a governação é ali mais fácil e eficientemente resolvida do que na Lapa onde já só se discute quem será o próximo canastrão do psd,com MMendes a caminho de França para ler mais um texto apanhado nos caixotes do lixo da edilidade lisboeta "tão bem" dirigida pelo seu amigo Carmona.

Tudo isto até teria graça se não fosse grave demais... Mas hoje é um dia importante para o Jumento, que dobrou um milhão de visitas, o suficiente para decidir o resultado dumas eleições legislativas.

TAXAS DE JURO

  • Juros Civis

    Até 4.08.80 (art. 559º, nº1 CC) 5%
    De 5.08.80 a 22.05.83 (DL 200-C/80 de 24.06 e P 447/80 de 31.07) 15%
    De 23.05.83 a 28.04.87 (Portaria nº 581/83 de 18.05) 23%
    De 29.04.87 a 29.09.95 (Portaria nº 339/87 de 24.04) 15%
    De 30.09.95 a 16.04.99 (Portaria nº 1171/95 de 25.09) 10%
    De 17.04.99 a 30.04.03 (Portaria nº 263/99 de 12.04) 7%
    Desde 1.05.03 (Portaria nº 291/03 de 8.04) 4%
  • Juros Comerciais

    Até 4.08.80 (art. 102º, nº2 C.Com.) 5%
    De 5.08.80 a 22.05.83 (DL 200-C/80 de 24.06 e P 447/80 de 31.07) 15%
    De 23.05.83 a 04.08.83 (Portaria nº 581/83 de 18.05) 23%
    De 28.09.95 a 16.04.99 (Portaria nº 1167/95 de 23.08) 15%
    De 17.04.99 a 30.09.04 (Portaria nº 262/99 de 12.04) 12%
    De 01.10.04 a 31.12.04 (Aviso da DGT nº10097/04, DR II de 30.10) 9,01%
    De 01.01.05 a 30.06.05 (Portaria nº597/05 de 19/07 e Aviso da DGT nº310/05, DR II de 14.01) 9,09%
    De 01.07.05 a 31.12.05 (Aviso da DGT nº6923/05, DR II de 25.07) 9,05%
    De 01.01.06 a 30.06.06 (Aviso da DGT nº240/06, DR II de 11.01) 9,25%
    De 01.07.06 a 31.12.06 (Aviso da DGT nº7706/06, DR II de 10.07) 9,83%
    De 01.01.07 a 30.06.07 (Aviso da DGT nº191/07, DR II de 05.01) 10,58%